Panorama Político | 18 de Agosto de 2023
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
AS DECLARAÇÕES DE WALTER DELGATTI NA CPMI DO 8 DE JANEIRO
Foi realizada na quinta-feira, 17/08, a oitiva do depoimento de Walter Delgatti, o hacker investigado pela tentativa de invasão nos sistemas do Judiciário com a intenção de tumultuar as Eleições de 2022. Delgatti já fora assunto nacional em 2019, quando invadiu e vazou mensagens do ex-juiz e atual Senador da República, Sérgio Moro (União/PR), em um episódio que ficou conhecido como “Vaza-Jato”. As acusações feitas por Walter Delgatti são graves e dispõem sobre a deputada Carla Zambelli (PL/SP) e o ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro.
Segundo o hacker da CPMI, que fora detido em junho pela Polícia Federal, ele foi procurado às vésperas das Eleições de 2022 pela deputada, que o pediu para que invadisse uma urna eletrônica ou qualquer sistema do Judiciário brasileiro com a intenção de mostrar a fragilidade do sistema eleitoral e/ou da Justiça. A deputada, que supostamente pagou R$ 40 mil a Delgatti pelo serviço, foi alvo de mandados de busca e apreensão no início deste mês. Em relação a Jair Bolsonaro, Walter Delgatti contou que conversou por telefone com o ex-presidente e que, na suposta conversa, Bolsonaro teria prometido um indulto ao hacker caso ele fosse preso por uma ação contra as urnas eletrônicas. Após a oitiva, Delgatti foi ouvido novamente pela Polícia Federal nesta sexta-feira (18/08) e apuram-se as acusações contra a deputada paulista e o ex-presidente.
DESENTENDIMENTO ENTRE LIRA E HADDAD TRAVA NOVO ARCABOUÇO FISCAL NA CÂMARA
Após período considerado de “lua de mel”, entre o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP/AL), com elogios simultâneos, a relação de ambos esfriou após falas do Ministro, nas quais disse que “a Câmara dos Deputados está com poder muito grande e não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o executivo.”
Apesar do ministro ponderar que o trecho não seria uma crítica a atuação da Câmara, as falas não foram bem recebidas por Lira, e como resultado, culminou com o adiamento das negociações do texto advindo do Senado do PLP 93/2023, que trata sobre o novo arcabouço fiscal, matéria de extrema prioridade para o Governo.
Havia sido agendada uma reunião entre o colégio de líderes e o relator, deputado Claudio Cajado (PP/BA) na última terça-feira (15) para definir os trâmites da revisão do projeto na Câmara, todavia, com as declarações, a discussão foi adiada para a próxima segunda-feira (21).
O presidente informou ainda que houve um “atropelo”, na véspera, em relação às conversas para aprovação do novo marco fiscal, referindo-se a mal-estar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas ponderou haver possibilidade de o arcabouço ser resolvido já na próxima semana.
Após o explicito mal-estar, nesta quinta-feira (17), o Ministro informou que “não tem arestas” para serem aparadas, com o Presidente da casa, e que por tanto já está tudo “resolvido”.
REFORMA MINISTERIAL AINDA NÃO ANUNCIADA
O Governo, em busca de consolidar a base no Congresso Nacional, está negociando uma nova reforma ministerial. A troca do ministério do Turismo já indicava essa tendência.
A negociação vem sendo feita com dois partidos: PP e Republicanos. Circula a informação que o partido do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), tem interesse em assumir o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje ocupada pelo senador Wellington Dias (PT/PI), e a Caixa Econômica Federal. Já sobre o Republicanos, circula a informação de que o partido poderia assumir o Ministério de Portos e Aeroportos, hoje comandado por Márcio França (PSB/SP). Ainda, aventa-se a possibilidade de aumentar uma nova pasta, o Ministério da Micro e Pequena Empresa, com objetivo de abrir espaço para os possíveis aliados.