Panorama Político | 31 de Outubro de 2025

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação PR
MOVIMENTOS DE ALTA RELEVÂNCIA POLÍTICA
A semana foi marcada por dois movimentos de alta relevância política e simbólica. No plano interno, as operações de segurança no Rio de Janeiro reacenderam o debate sobre os limites da ação estatal e a necessidade de coordenação federativa diante da escalada da violência. No plano externo, o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, na Malásia, revisitou as nuances da política internacional em um ambiente de polarização global. Ambos os episódios expuseram a busca simultânea do governo por autoridade institucional e projeção diplomática, revelando o esforço de equilibrar respostas imediatas e estratégias de longo prazo.
OPERAÇÕES NO RIO DE JANEIRO
A semana foi marcada pela escalada das ações policiais nos complexos do Alemão e da Penha, com mobilização de cerca de 2.500 agentes e balanços que apontaram 64 mortos em fases iniciais e, depois, o registro da operação mais letal do estado, com 121 óbitos. O Ministério Público requisitou laudos completos e a PGR acionou a ADPF 635 para escrutinar a letalidade, enquanto o ministro Ricardo Lewandowski relatou que o presidente Lula ficou “estarrecido” com os números.
No plano político-institucional, o governador Cláudio Castro classificou a ação como “sucesso” e enfatizou a lógica “ou soma, ou some”, ao mesmo tempo, em que atribuiu à União a negativa de apoio, ampliando o clima de tensão federativa. Em paralelo, dados de execução indicam que, desde 2019, o Rio recebeu aproximadamente R$ 288 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública, mas executou pouco mais da metade, evidenciando desafios de planejamento e coordenação que antecedem a crise atual.
O cenário prospectivo aponta para necessidade de reforço do controle externo, padronização pericial, transparência de métricas e um arranjo cooperativo entre União, estados e municípios, com governança clara e uso qualificado de recursos. A ida de ministros ao Rio, a oferta de cooperação técnica e de vagas em presídios federais e a sujeição das operações a parâmetros jurídicos consolidados tendem a orientar a transição de respostas emergenciais para uma política de segurança pública estruturada e sustentável.
LULA E TRUMP NA MALÁSIA
O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Donald Trump, durante a Cúpula da ASEAN na Malásia, foi interpretado como um gesto de reaproximação entre dois líderes que representam projetos políticos opostos, mas reconhecem o peso simbólico da interlocução. A reunião, de cerca de uma hora, ocorreu em tom cordial e sem anúncios de medidas concretas. Lula defendeu a retirada das tarifas impostas aos produtos brasileiros e a revisão de sanções a autoridades nacionais, enquanto Trump respondeu com acenos genéricos sobre cooperação e respeito mútuo, sem compromissos formais ou cronogramas definidos.
A repercussão foi imediata no plano político. No Itamaraty, o encontro foi visto como uma oportunidade de reposicionar o Brasil no diálogo com os Estados Unidos, especialmente em um momento de redefinição das alianças globais. Parte da base governista destacou o gesto como sinal de pragmatismo diplomático, enquanto a oposição questionou a coerência entre o discurso de defesa da democracia e a aproximação com lideranças populistas. O governo tenta transformar o capital simbólico do encontro em influência prática, mas enfrenta um cenário internacional em que o cálculo eleitoral e a economia interna norte-americana tendem a limitar os avanços.
O episódio revela que a diplomacia brasileira busca consolidar uma presença ativa e autônoma, capaz de dialogar com polos divergentes sem perder consistência estratégica. A expectativa é de que o gesto abra espaço para tratativas técnicas em comércio e investimentos, ainda que os efeitos concretos dependam da continuidade das negociações e da estabilidade política nos Estados Unidos. O encontro reforça que, na política internacional, a imagem de protagonismo é construída não apenas por grandes acordos, mas pela persistência diplomática em contextos de incerteza e competição global.
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