Panorama Político | 7 de Outubro de 2022
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Ricardo Stuckert /PT e Sérgio Lima/Poder 360
AS ALIANÇAS DO 2º TURNO
A semana seguinte ao 1º turno das eleições foi marcada pelos encontros entre políticos e setores da economia para manifestações de apoios e a formação de novas alianças para o 2º turno. Para a Justiça Eleitoral, o 1º turno foi positivo. A Operação de Segurança das Eleições do Ministério da Justiça, em seu último boletim do dia da eleição, registrou um total de 1.421 crimes eleitorais. Os de maior incidência foram o transporte ilegal de eleitores e eleitoras e a boca de urna. Houve 66 crimes contra candidatos e candidatas. Todavia, os testes de biometria aplicados nas seções eleitorais provocaram longas filas de espera para a votação em todo o país.
O TSE apurou que foram contabilizados 118 milhões de votos válidos, de um total de pouco mais de 156 milhões de eleitores e eleitoras. Deste total, cerca de 33 milhões se abstiveram (20,95% do total de eleitores e eleitoras aptos). Houve 3,4 milhões de votos nulos (2,82% do total de votos) e os votos em branco somaram 1,9 milhão (1.59% do total de votos). Votos em branco e nulos tiveram o percentual mais baixo desde as eleições de 1994. Foram utilizadas pouco mais de 472 mil urnas e destas, 3.222 foram substituídas. Houve um caso em que a urna não pôde ser substituída e a votação foi manual, ou seja, no papel.
Além das filas, outro destaque no dia das eleições foi a discrepância entre os resultados apurados nas urnas e as previsões publicadas pelas pesquisas eleitorais. Embora sejam comuns algumas discrepâncias, muitas projeções sobre quem sairia vitorioso ou vitoriosa não foram confirmadas nas urnas e com grande disparidade em comparação àquilo que mostravam os institutos. As discrepâncias mais sentidas foram diante das vagas ao Senado de alguns estados, sobre o governo de São Paulo e sobre a baixa diferença entre o primeiro e o segundo colocado na disputa à presidência, o que fomentou críticas quanto aos métodos utilizados nas pesquisas e do quanto a divulgação pode influenciar eleitores e eleitoras. No Senado, houve a apresentação de projeto de lei para punir institutos de pesquisa eleitoral, além da pressão política para a abertura de uma CPI sobre os institutos de pesquisa.
Quanto às alianças para o 2º turno para a presidência da República, Lula recebeu o apoio dos presidenciáveis de maior destaque desta eleição, Simone Tebet e Ciro Gomes. Bolsonaro conta com o apoio de Padre Kelmon. Soraya Thronicke afirmou que não apoiará nenhum dos dois.
Aos eleitos para o executivo estadual, Lula recebeu o apoio de Elmano Freitas (PT), do Pará, Carlos Brandão (PSB), do Maranhão, Rafael Fonteles (PT), do Piauí, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, e Helder Barbalho (MDB), do Pará. Bolsonaro conta com o apoio de Gladson Cameli (PP), do Acre, Ibaneis Rocha (MDB), do DF, Mauro Mendes (União), do Mato Grosso, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Antonio Denarium (PP), de Roraima. Os apoios estaduais apontam a força de Lula no Nordeste e de Bolsonaro no Sudeste e Centro Oeste. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral, entre os candidatos que seguem para o 2º turno para o governo do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) apoia Bolsonaro, enquanto Haddad (PT) apoia Lula.
Outro apoio digno de destaque foi do senador recém eleito pelo Paraná, Sérgio Moro (União) e do também recém eleito como deputado federal pelo Paraná, Deltan Dallagnol (Podemos). Famosos pela liderança e julgamento na Lava Jato, ambos declararam apoio a Bolsonaro.
Os partidos também anunciaram suas posições. O MDB, PSDB, Novo, PSD, Podemos e DC manifestaram neutralidade e liberaram seus diretórios regionais. Apesar de o União Brasil declarar oficialmente o apoio à candidatura de Bolsonaro, a legenda liberou os diretórios. Simone Tebet, candidata à Presidência pela federação formada pelo MDB, PSDB e Cidadania, manifestou apoio a Lula. Ciro Gomes (PDT), famoso por suas declarações contra Lula e Bolsonaro, seguiu sua legenda, e anunciou apoio a Lula. Outros 5 partidos, PSC, PP, PL, PTB e Republicanos, manifestaram apoio a Bolsonaro. E outros 13 partidos, o PV, Psol, Cidadania, Pros, PDT, Agir, PCO, PCdoB, Avante, PCB, REDE, PSB e PT, apoiam Lula.
Além das eleições para a presidência da República, outros 12 estados terão 2º turno: São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Alagoas, Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Santa Catarina e Rondônia.
O cenário da Câmara dos Deputados e do Senado já está definido. Na Câmara, o percentual de candidatos e candidatas negras aumentou de 24% para 26%, assim como o de mulheres, que passou de 15% para 18%. Outro destaque está na eleição de duas deputadas transgêneras. A nova configuração aponta 82% de homens e 18% de mulheres.
Na distribuição dos partidos, o PL formou a maior bancada, com 99 deputados, seguido pelo PT com 68. Em terceiro lugar está o União Brasil com 59, seguido pelo PP com 47 deputados e deputadas. A composição anuncia uma Câmara que privilegia o Centrão. Enquanto a coligação de Bolsonaro estará representada por 187 deputados, a coligação de Lula estará representada por 122 deputados e deputadas. A renovação da Câmara foi de 39%, denunciando que o índice de renovação caiu em relação à eleição de 2018.
Já no Senado Federal, a renovação de 27 cadeiras, do total de 81, mostrou que o PL também será a maior bancada da Casa. O partido terá 13 cadeiras, seguido pelo União Brasil com 12 e MDB e PSD, cada um com 10 cadeiras. O PT comporá a Casa com 9 senadores e senadoras. Dos eleitos e eleitas, somente 4 são mulheres e 6 se autodeclararam pardos ou pretos.